Palestra:
Das exposições universais europeias aos shopping centers brasileiros: sócio-antropologia dos lugares fantasmagóricos
Por Marc Berdet
sexta-feira, 19/10, às 10h30, no CAC
Resumo
Não há só, como escrevia Marc Augé em sua estimulante tipologia, os “lugares” tradicionais, antropologicamente consistentes, carregados de símbolos e de imagens, e os “não-lugares” modernos, puramente funcionais e simbolicamente miseráveis. Existem também, da era moderna até a era pós-moderna, lugares sintéticos, artificiais, que dissimulam sua pobreza antropológica sob uma profusão de símbolos, temas e imagens, “não-lugares” que pretendem ser “lugares”: os lugares fantasmagóricos onde se expõe a mercadoria. Retomamos a definição do fetichismo da mercadoria em Karl Marx para analisar, com Walter Benjamin, a teatralização desse fetichismo com a poetização dos produtos da indústria, resultando no que este filósofo analisa como fantasmagorias (galerias de Paris, exposições universais e grandes lojas). Exploraremos com imagens essa lógica fetichista-fantasmagórica nos edifícios modernos, como o palácio de cristal de Londres, construído para a primeira exposição universal do século XIX (1851). Veremos em seguida como essa lógica muda na arquitetura pós-moderna, com a análise de um shopping brasileiro arquetípico do imaginário consumista do século XX (Shopping Parque Dom Pedro, 2002). Ao fim do percurso, nos perguntaremos se é possível desmantelar a cadeia simbólica do capital para liberar os sonhos coletivos aprisionados nestas estruturas fantasmagóricas.
Marc Berdet is developing his postdoctoral researches in two directions: on the one hand, he is analysing the social interactions into commercial spaces that stand for public spaces (Brazil); on the other hand, he is studying the socio-genesis of the Latino aesthetic of the tropical “gothic” or “baroque” in cinema and litterature (Colombia, Chile, Brazil). He published in 2013 Fantasmagories du capital
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